O vínculo do profissional com a organização em que trabalha não pode esgotar-se no mero cumprimento de obrigações legais. A pontualidade, a assiduidade e a obediência estrita às diretrizes e normas organizacionais são apenas parte e raramente a mais importante do compromisso entre a pessoa e a organização na qual trabalha. A rigor, só se reconhece genuíno compromisso, quando a participação do profissional avança, sempre em busca de contribuir para a realização plena dos objetivos organizacionais. É necessário, portanto, despertar no profissional o sentimento de realização pessoal e profissional, para que a organização tenha direito de reclamar aquele compromisso. É da literatura administrativa o registro muito abundante de fracassos que de êxitos. Raros, porém, os administradores que identificam em si mesmos e em seu estilo peculiar de administrar a base de tantas frustrações. Estudem-se os altos níveis de rotatividade na empresa e logo se revelarão a incompetência gerencial e a absoluta ignorância quanto ao papel que os seres humanos desempenham nas organizações. Sempre haverá, porém, aqueles profissionais que, dotados de forte sentimento coletivo, dão pouca importância para as dificuldades internas e têm olhos para ver o mundo, mais que à sua volta, em torno da organização em que trabalham. Esses podem, assim, dedicar-se aos problemas com que se defronta aquele grupo e as oportunidades que a ele se apresentam. Muito do que se conhece, na já extensa (mas nem sempre adequada) bibliografia administrativa resulta desse espírito comprometido, só ele capaz de assumir riscos e, em compensação, contribuir para o êxito das organizações. Esses sentimentos transparecem nos textos abrangidos pelo presente volume, que o autor, modestamente, chama de “lascas”. Penso não subjazer ao conjunto de escritos a ideia dos riscos que tais fragmentos de madeira oferecem para as pessoas o primeiro deles o de ferir-se, provocando um corte na pele, sujeito a sangramento.
O que Antônio José Lopes Botelho pretende é provocar colegas e outros profissionais a discutirem temas relevantes para os detidos do órgão a que dá valiosa e comprometida contribuição, a Superintendência da Zona Franca de Manaus, É de somenos a adesão ou a rejeição das ideias esposadas pelo autor. O que ele deseja, mesmo, é contribuir e levar outras pessoas a fazê-lo O que basta para mostrá-lo profundamente vinculado à autarquia. Sequer importa qual das razões (o clima organizacional propício ou forte sentimento de solidariedade) levou o autor a produzir os textos. Mais do que tudo, é importante lê-los e discuti-los.
Com isso podem ganhar (além do próprio Antônio José Botelho), a Suframa, o Amazonas e a economia da região.
José da Silva Seráfico de Assis Carvalho
Professor da Universidade Federal do Amazonas