Antônio José Botelho Livros Pequeno Ensaio em Prol da Construção de um Capitalismo Amazônico

Pequeno Ensaio em Prol da Construção de um Capitalismo Amazônico

Da Intenção

Tenho escrito de forma erudita para demonstrar a necessidade de adotarmos o Projeto ZFM como um meio para um desenvolvimento minimamente autônomo. Tal expectativa pressupõe a estratégia da construção de um capitalismo amazônico na perspectiva da acumulação primitiva de capital. Nessa dimensão, completaríamos a natureza filosófica do PIM de atração de investimentos lastreados por aportes de capital e pacotes tecnológicos forâneos.

Ao longo desse exercício intelectual de quase duas décadas, idealizei quatro conceitos para dar visibilidade à estratégia de construção de um capitalismo amazônico. O primeiro par conceitual reflete o contexto do Projeto ZFM: economia de enclave industrial e seu corolário a capacitação tecnológica tardia. O segundo par sugere um ponto de inflexão de complementaridade: processo de growing up e seu corolário amazonidades.

A interdependência dos quatro conceitos constitui os componentes da visão de futuro desejadoe a argamassa da ideologia que defendo. Se por um lado, economia de enclave industrial condiciona sinergicamente de forma negativa a capacitação tecnológica tardia, por outro lado, growing up é o campo de ação das amazonidades, libertando-as sinergicamente de forma positiva. É claro que a capacitação tecnológica tardia, derivada da economia de enclave industrial moderna, pode e deve ser tomada como suporte, como externalidade positiva, devendo, contudo, migrar predominantemente para o processo de growing up vertido às amazonidades. A idealização dos quatro conceitos só foi possível observando a realidade industrial e tecnológica objetiva de Manaus em confronto com as evoluções histórias e reflexões teóricas dos Estados Unidos e Coreiado Sul [Botelho; 2010]. 

Adicionando valor às abstrações, vou fazer algumas colocações sobre o sistema nacional de economia política de List e a teoria do desenvolvimento econômico de Schumpeter, os quais combinados formarão um paradigma convergente com a ideologia defendida e com a visão de futuro desejada.

Se pudemos entender que a ideologia defendida é expressa pela adoção do Projeto ZFM como um meio e pertinente capacitação tecnológica tardia, a visão de futuro desejada deve ser entendida como a superação do PIB manauara medidos pela produção do PIM lastreada por capitais e tecnologias estrangeiras por um Produto Manauara Bruto [PMP] consubstanciado por amazonidades, vale dizer produtos realizados no mercado a partir de insumos e saberes da floresta com capital e tecnologia endógena, caracterizando um desenvolvimento industrial e tecnológico minimamente autônomo. Esse auto-desenvolvimento, por sua vez, sinalizando o processo de growing up [Botelho; 2010].Para tanto, precisamos de um novo paradigma que supere a lógica simples da prorrogação do Projeto ZFM, ou até mesmo sua perenização, por uma lógica complexa que sinalize para a formulação de políticas públicas que não só consolidem o processo de industrialização em curso, mas, sobretudo, crie uma trajetória tecnológica alternativa forjadora de um novo marco civilizatório sob a égide da sustentabilidade, o que significa dizer, investimentos conscientes, consumo inteligente e tecnologia limpa. Uma verdadeira revolução verde adotando o chão amazônico como laboratório dessa experiência sociológica [Botelho; 2010].

A obra busca esclarecer os pensamentos convictos do autor por cerca de 30 anos. Durante as últimas duas décadas, os esforços de Antônio José Botelho em chamar a atenção com suas publicações e manifestações em fóruns, que muitas vezes geraram controvérsias, sobre as políticas públicas ou falta delas para o desenvolvimento do Estado do Amazonas.

Trata-se de um esforços positivo e que contribui para o fortalecimento do capital social de Manaus. Em seu estilo peculiar, erudito, como o próprio autor classifica, neste ensaio, como tem sido sua preocupação quando aborda o tema desenvolvimento regional, mais uma vez ele coloca em destaque e como base de reflexão o Projeto Zona Franca de Manaus – ZFM.

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