Em sua trajetória profissional e acadêmica, Antônio Botelho por ser um apaixonado pelas ciências políticas tem manifestado livremente seus pensamentos sobre a problemática do desenvolvimento da Amazônia.
Como funcionário, ele nunca se omitiu em expor publicamente suas idéias, muitas vezes contrárias, às políticas e ações assumidas pela SUFRAMA, instituição onde trabalha, na condução do projeto ZFM, hoje denominado de PIM.
Como professor e em suas contribuições literárias, o autor tem procurado estimular dirigentes públicos, empresários, pesquisadores e acadêmicos ao debate em busca de melhores soluções de modelos de desenvolvimento para a região. Ao reunir nesta publicação uma série de artigos sobre a temática do desenvolvimento, ele nos permite refletir sobre o processo de industrialização brasileira, seus reflexos e, sobretudo, o impacto do projeto ZFM no modelo industrial que passou a predominar no Amazonas a partir da segunda metade do século passado.
Ao estabelecer uma comparação interessante pela opção de políticas públicas, baseadas em conceitos de “capacidades estáticas” como principal estratégia de desenvolvimento para o estado, fica clara a escolha equivocada se confrontada com estratégias baseadas em conceitos de “capacidades dinâmicas”, adotadas por países desenvolvidos e alguns em processo de industrialização que
eram mais atrasados e hoje já superam o Brasil.
Recursos naturais, mão-de-obra barata e incentivos fiscais como estratégias competitivas de capacidades estáticas tendem a aprofundar a distância de países em desenvolvimento para países que optaram por criar vantagens competitivas dinâmicas. Estas são baseadas no conhecimento tais como o fortalecimento de intra- estrutura em C&T; incentivo à inovação, transferência, endogeneização, desenvolvimento e difusão de tecnologias; e formação de pessoas.
Além disso, a globalização tem provocado um movimento, mesmo em países desenvolvidos, na busca de instrumentos que tornem suas empresas mais competitivas, protejam seus empregos e indústrias. Assim, a busca de uma identidade e do desenvolvimento sustentável do Amazonas, para romper com a “sina da tardialidade”, implica em se adotar no “chão amazônico”, como denomina o autor, estratégias que são convergentes com as daqueles países como a construção de Sistema Local de Inovação para acelerar a capacitação tecnológica endógena, valorizar os recursos naturais e preservar a soberania.
Dimas José Lasmar
Doutorando em Engenharia de Produção pela UFRJ/COPPE